Fábrica Suerdieck

Passadiço da Fábrica Suerdieck. Foto: Luciana Guerra (2012).
Ocupação: Conjunto formado por uma junção de várias edificações, antigos sobrados e novas construções, ocupando parte de dois quarteirões.
Quantidade de pavimentos: 1 a 3.
Cobertura: Telha cerâmica nos antigos sobrados adaptados e no edifício construído em 1921, o qual apresenta a cobertura em formato tipo gambrel. O edifício de 1933 possui laje em concreto armado, não sendo possível identificar se existe alguma telha na cobertura.
Esquadrias: O edifício de 1921 apresenta janelas com esquadrias do tipo guilhotina em caixilho de vidro envolvida por cercadura, peitoris e cimalha. No pavilhão de 1933 as esquadrias das janelas são em ferro e vidro, tipo bascular. O edifício de 1951 possui janelas em caixilho de vidro tipo guilhotina. Os antigos sobrados possuem esquadrias em caixilho de vidro e folha de segurança em madeira, com bandeira.
Estilo arquitetônico/ Elementos decorativos: No edifício de 1921, na cobertura, uma cimalha arrematava o beiral em telha colonial. A cobertura em gambrel, provavelmente foi escolhida com o objetivo de fornecer melhores condições de iluminação e ventilação ao interior da fábrica. No pavimento superior, pode ser encontrado o piso em assoalho sustentado por vigas e pilares em madeira. Esse edifício apresenta cercaduras nas esquadrias e cunhais em massa ao longo do edifício. Já no edifício construído em 1933, observa-se uma grande mudança nos conceitos arquitetônicos, com a introdução de elementos da arquitetura moderna. Apesar de ainda ocupar os limites dos lotes, o novo edifício possui uma volumetria mais simplificada, platibanda reta com apenas um friso em sua terminação, contrastando com a arquitetura residencial existente no local. As esquadrias são de bascular, como as encontradas nas fábricas da empresa em Cachoeira e Cruz das Almas, construídas na mesma época, porém com dimensão mais ampla.
O complexo industrial da Suerdieck se localizava no centro histórico da cidade. A formação desse complexo industrial se iniciou em 1910, com a transferência da fábrica para um sobrado situado na Rua Pedra Branca, atual Fernando Suerdieck, que funcionava anteriormente como cinema e teatro. Em 1913 ocorreu a primeira ampliação com a construção de um edifício num terreno junto ao sobrado, nesta época, a fábrica já contava com cerca de duzentos funcionários. Em 1919 foi iniciada a construção de um novo prédio nos terrenos das casas de número 7 a 15 situadas à Rua Augusto Suerdieck, antigo Bêco das Flores. O novo edifício, finalizado em 1921, localizava-se num quarteirão em frente à fábrica existente e a comunicação entre os dois prédios foi feita por um passadiço em concreto armado, que se tornaria uma marca da empresa na paisagem da cidade. A partir da disposição das esquadrias da fachada lateral, foi identificado que na área aberta ao lado do edifício eram exercidas atividades de secagem de torcidas de fumo. No térreo eram exercidas atividades de preparação das folhas de fumo para posterior confecção dos charutos, sendo predominante a mão-de-obra masculina. No pavimento superior (identificado pela presença estrutura que sustenta o telhado) era realizada a confecção do charuto, sendo a mão-de-obra feminina, em sua maioria.
Na década de 1930 a empresa construiu um edifício no local do primeiro sobrado, que anteriormente servia como cinema e teatro. Inaugurado em 1933, a nova obra em concreto armado, apresenta algumas características modernistas, contrastando com a arquitetura colonial existente no local. O prédio, que passou a ser conhecido pela população como “fábrica nova”, funcionava como Pavilhão de Acabamento e Expedição. Não há registro de quem projetou o novo pavilhão. No novo pavilhão eram exercidos os serviços desde a confecção de charutos, passando por sua colocação nas embalagens, até a sua expedição. A partir dessa época, é provável que o outro edifício, que passou a ser conhecido como “fábrica velha” tenha ficado apenas com as atividades de preparação das folhas de fumo.
No novo pavilhão é possível observar em imagens a presença de elevadores, demonstrando o uso da melhor tecnologia da época para auxiliar os serviços da fábrica. Dois sobrados foram adquiridos pela empresa, ambos situados na Rua Fernando Suerdieck, e adaptados para as atividades fabris. Um deles se localiza ao lado do novo edifício proto-moderno. Um dos edifícios adquiridos pela empresa foi demolido em 1979, ano em que foi inventariado pela então Secretaria de Indústria e Comércio. Esse edifício chegou a ser indicado, pela equipe do Inventário, para tombamento municipal devido a seu valor ambiental como sobrado de meados do século XIX que apresentava um mirante no plano da fachada.
O inventário possibilitou identificar algumas informações como: a área interna do imóvel havia sofrido grandes mutilações para adaptação às instalações fabris, com a retirada da maioria das divisórias internas para formação de grandes salões. Ao lado do sobrado demolido foi construído mais um edifício que pertenceu ao complexo fabril da Suerdieck. A fachada possui a data de 1951, provavelmente o ano de conclusão da obra. Sua aparência segue o estilo do edifício de 1933, com as mesmas esquadrias e platibanda encimada por um friso, porém, com uma dimensão mais reduzida.
A fábrica encerrou as suas atividades em 1992. A partir desse período, alguns edifícios permanecem fechados enquanto outros foram ocupados indevidamente com moradias e atividades comerciais, como ferro-velho e confecção de roupas.
O pavimento superior da “fábrica velha” vem sendo ocupado para confecção de charutos. A situação dos edifícios é precária, tanto na parte externa como internamente.
COELHO, José. Estado da Bahia: obra de propaganda Geral 1823- 1923. Empreza Brasil Editora. Rio de Janeiro.
DOCUMENTOS da empresa Suerdieck. Suerdieck: 1892-1946. Salvador, 1946.
DOCUMENTOS da empresa Suerdieck. Suerdieck & Co. Maragogipe,1935.
FOLGUEIRA, Manuel Rodriguez. Album Artistico, Commercial e Industrial do Estado da Bahia. Salvador, 1930
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA. Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Vol. 1: Monumentos e sítios do Recôncavo, II parte, 3ª.ed., Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 1997.
MOTA, Luciana Guerra Santos. Manufaturas de fumo do Recôncavo Baiano: vestígios de patrimônio industrial. Tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo. Salvador: PPG/AU/UFBA, 2014.
PORTO FILHO, Ubaldo Marques. Suerdieck: epopéia do gigante. 1892-1999. Salvador: Ubaldo Marques Porto Filho, 2003. Disponível em: < http://www.ubaldomarquesportofilho.com.br/upload/livro_suerdieck_epopeia.... Acesso em: 20 nov. 2013
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Sobrado à Rua Fernando Suerdieck adquirido em 1910. Fonte: Porto Filho (2003).
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Fábrica após a ampliação de 1921. Fonte: Coelho (1923).
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Detalhe do passadiço. À esquerda edificação construída em 1921. Fonte: Porto Filho (2003).
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Fábrica após a ampliação de 1921. Fonte: Folgueira (1930).
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Fachada da fábrica em 1946. Fonte: Documentos da Fábrica Suerdieck (1946).
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Escritório da fábrica. Fonte: Documentos da Fábrica Suerdieck (1946).
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Fábrica após reforma do pavilhão de expedição de 1933. Porto Filho (2003)
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Facahda do sobrado à Rua Fernando Suerdieck, n.1. Fonte: Arquivo do Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Foto: Francisco Senna (13-10-1979).
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Fachada do sobrado à Rua Fernando Suerdieck, n.1. Fonte: Arquivo do Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Foto: Francisco Senna (13-10-1979).
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Setor de embalagem no interior do Sobrado à Rua Fernando Suerdieck, n.1. Fonte: Arquivo do Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Foto: Francisco Senna (13-10-1979).
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Setor de embalagem no interior do Sobrado à Rua Fernando Suerdieck, n.1. Fonte: Arquivo do Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (1997).
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Antiga Fábrica Suerdieck, Maragogipe. Foto: Luciana Guerra (2012).
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Antiga Fábrica Suerdick, Maragogipe. Foto: Luciana Guerra (2012).
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Vista interna do telhado grambrel. Foto: Luciana Guerra (2012).
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Estrutura do telhado do edifício construído na década de 1920. Foto: Luciana Guerra (2012).
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Edificações que faziam parte da antiga Fábrica Suerdick, Maragogipe. Foto: Luciana Guerra (2012).