Este site dedica-se à difusão de pesquisas, atividades e eventos relativos ao campo do Patrimônio Arquitetônico Industrial, entendendo-se por patrimônio industrial os vestígios da cultura industrial e locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas à indústria.
A expressão “patrimônio industrial” refere-se, conforme a Carta de Nizhny Tagil (2003), disponível no site TICCIH - Brasil, aos vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico e/ou científico, englobando edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinamento, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, e locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas à indústria, como habitações, locais de culto ou de educação. A expressão “arqueologia industrial”, utilizada para definir este tipo de patrimônio em alguns países, apresenta-se, de acordo com essa carta, como campo mais amplo, voltando seus esforços a todo o legado da industrialização. Considerando como “arquitetura industrial” a produção arquitetônica resultante do processo de industrialização , o objeto do atual projeto de pesquisa, “patrimônio arquitetônico industrial”, se restringe aos vestígios de edificações que tenham relação com um passado industrial, tais como fábricas, engenhos, galpões de oficinas, estações ferroviárias, hidroelétricas, caixas d’agua, vilas operárias, dentre outros, além de edifícios pré-fabricados que apresentem relativa representação local, regional, e/ou nacional.
No Brasil, desde meados da década de 1970, são realizadas pesquisas sobre o patrimônio industrial brasileiro no meio acadêmico. Porém, isto não se refletiu nas ações dos órgãos responsáveis pela proteção do patrimônio, gestão da cidade e pela população e, dentro dos órgãos, os estudos, a proteção e a restauração do patrimônio industrial ainda dão os seus primeiros passos. Após a primeira iniciativa, em relação à proteção do patrimônio industrial, em 1964, com o tombamento dos remanescentes da Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), passaram-se décadas até que o órgão federal tombasse outro edifício industrial, a Fábrica de Vinho Tito Silva, em João Pessoa, Paraíba, em 1984 .
Apesar da Bahia apresentar dois engenhos (Matoim e Freguesia) tombados pelo IPHAN na década de 1940, exemplares de patrimônio industrial segundo a nossa definição, pode-se considerar que estes tombamentos ainda não foram motivados pelo reconhecimento do patrimônio industrial e sua necessidade de preservação, mas sim como patrimônio arquitetônico colonial . Da mesma forma considera-se que o tombamento do Conjunto do Unhão, em Salvador, pelo IPHAN, em 1943, e toda a discussão em torno de sua preservação, devido a sua possível demolição para construção da Avenida do Contorno que, no projeto original, passava pelo local, foram manifestados devido ao seu valor histórico colonial, e não pela importância dada à história da industrialização no país .
Assim como no resto do país, na Bahia, que apresenta uma significativa importância histórica na instalação da indústria moderna no país ocorrida durante o século XX, ainda não se desenvolveu uma política específica para a preservação do Patrimônio Industrial, e poucos são os monumentos industriais no estado reconhecidos como patrimônio cultural . Ainda podemos encontrar vestígios deste patrimônio industrial espalhados por todo território baiano, representados por indústrias, maquinários, estações e ferrovias, pontes, túneis, etc. O IPHAN, órgão responsável pelo tombamento dos engenhos anteriormente citados, na Bahia, não realizou tombamentos de exemplares do patrimônio da industrialização mais recente no estado, de finais do século XIX e do século XX .
O patrimônio arquitetônico industrial hoje se constitui como uma categoria de interesse de preservação, mesmo que ainda haja, por parte da sociedade em geral, um desconhecimento da relevância do registro e preservação destas edificações como valor cultural. A situação de abandono em que se encontra grande parte dos edifícios relativos ao processo de industrialização da Bahia nos traz a inquietação de entender o processo pelo qual esses edifícios passaram e a vontade de vê-los preservados, apresentando integridade física e usos adequados.