Fábrica São Braz
Implantação: A fábrica foi instalada numa região à beira mar, na parte inferior do morro de Plataforma, próximo a ferrovia e a Enseada do Cabrito e tinha sua fachada voltada para a Bahia de Todos os Santos.
Ocupação: O edifício principal da Fábrica São Braz, dividido em dois blocos, era separado por um corredor e possuía na sua frente um gradil de ferro. O edifício complementar também era dividido em dois blocos. Em frente ao edifício principal, a fábrica contava com barracões tendo um destes um portão e um guindaste para carregar e descarregar mercadorias. Havia também duas áreas para depósito de madeira.
Quantidade de pavimentos: 2.
Estrutura: Na reforma de 1907, decidiu-se substituir algumas paredes em alvenaria de tijolos, das salas que compunham o edifício, por colunas de ferro fundido e vigas de aço. O telhado era de aço, vidro e telhas chatas, todos esses materiais importados. Uma nova chaminé foi levantada ao lado da antiga que havia caído, tendo a estrutura em aço com base em alvenaria de tijolos.
Cobertura: Cobertura em shed contendo uma chaminé.
Estilo arquitetônico/ Elementos decorativos: A edificação possui características do estilo eclético. Sua fachada principal é marcada pelo uso de elementos clássicos, como platibanda com friso e cornija decorada com elementos denteados, que emolduram também janelas, pilastras, elementos decorativos em alvenaria e estuque – motivos geométricos, florões, palmetas, caneluras – que diversificam e marcam as entradas e o corpo central da fachada do edifício, além de quebrar a monotonia da sua acentuada horizontalidade.
A fábrica tinha como fundadores os imigrantes portugueses Manoel Francisco de Almeida Brandão e Antonio Francisco Brandão Jr. em 1882 passa a pertencer a Antonio Francisco Brandão e Cia. Em 1886 a Fábrica passa por uma reforma, dispondo de novas máquinas para a fabricação de novos tipos de tecidos e a confecção de outros produtos até então não produzidos.
Em 1891 a Companhia Progresso Industrial da Bahia adquiriu a Fábrica São Braz, junto à outras Fábricas da região. A Fábrica passou por uma grande reforma que começou em 1907 e terminou no início de 1910, abrindo caminho para a expansão dos lucros da Companhia. Nesse período a Fábrica São Braz incorporou prédios anexos que pertenciam a Companhia, ampliando sua área de produção. Decidiu-se também com esta ampliação a construção de um edifício em frente à Fábrica, num terreno conquistado ao mar, para comportar a seção de Branqueamento da fábrica, sendo construído também um cais com extensão de 140 metros próximo ao edifício. Além deste edifício construído entre o mar e a ferrovia, A Fábrica contava também com alguns barracões nas adjacências da ferrovia.
Em 1932 ocorre a fusão entre a Companhia Progresso Industrial e a Companhia União Fabril e em 1944, após a morte de Bernardo Catharino, seus sucessores assumem o comando da Companhia adotando mudanças que afetaram a relação entre as fábricas e o seu operariado, que juntamente com o declínio da indústria têxtil na Bahia culminaram na desativação das antigas fábricas da Companhia, incluindo a Fábrica São Braz em 1959.
Em 1933 foi construído um novo cais em frente a fachada principal da fábrica que servia, além da ferrovia, para o transporte e cargas de matéria prima e outros produtos.
O crescimento da Fábrica São Braz e das atividades industriais impulsionaram o povoamento dessa região de Plataforma, transformando a localidade em um bairro operário a partir da década de 70.
CASTORE. Maria Elena. A fábrica e o bairro: um estudo sobre a paisagem industrial no bairro de Plataforma em Salvador. 2013. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2013.